Segundo a
Folha de S.Paulo o diretor-geral da PF, Rogério Galloro, irá promover um
treinamento sobre relações com a mídia (media
training), destinado a aprimorar a qualidade da interface entre diretores e
superintendentes do órgão e jornalistas.
A meta
principal, diz a matéria, é evitar mal-entendidos e equívocos de
comunicação que provoquem repercussões prejudiciais junto à opinião pública,
citando como exemplos negativos uma entrevista coletiva referente à Operação
Carne Fraca, no início de 2017, que teria gerado crise no mercado
internacional de carne; e entrevistas do ex-diretor-geral Fernando Segovia, que
acabaram por causar sua demissão.
Essa notícia
da Folha parece sugerir que o treinamento projetado pretende aperfeiçoar a
forma de interface entre dirigentes da PF e jornalistas, o que, porém, é o último dos
problemas dessa equação.
Porque, da mesma forma que na empresa privada, o essencial, o indispensável para uma comunicação eficaz, são os valores e a postura pública dos executivos responsáveis pela entidade e por seu diálogo com a sociedade, diretamente ou via mídia. Os acessórios de Comunicação só vêm depois disso. E são acessórios.
O fundamental
não é como e quando falar, mas o que falar – e aí somente media training não resolve. É preciso, antes de tudo, bom-senso,
avaliação de oportunidades e do contexto local, nacional e internacional em que se dá uma comunicação, previsão
de repercussões – enfim, características de gestores de alto nível, tanto em órgãos
públicos como em empresas privadas.
Ingredientes
que obviamente não guiaram os dois exemplos citados na matéria da Folha: o
inacreditável episódio Fernando Segóvia e o desastre da Carne Fraca.
Se não se
partir desse princípio fundamental, o bom-senso acima de tudo, não há media training que resolva. Porque a ausência
desse alicerce é o caminho para, como muitos executivos
gostam de fazer, dar de ombros sempre que há uma crise institucional e encerrar o assunto usando a desculpa fácil de dizer que é “um problema de comunicação”.
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