Como na gestão empresarial.
Refiro-me ao nosso produto futebol. Antigamente Pelé e o nosso “jogo
bonito” deixavam estatelados adversários que nunca nos haviam enfrentado.
Pelé dava chapéu em sueco e em seguida fazia gol. Garrincha criava joões pelo mundo afora, porque nenhum beque russo acreditava
que ele fosse sair da marcação sempre pela direita, com as duas pernas tortas para
o lado esquerdo.
Não havia televisão, os times eram mistérios uns para os
outros até à hora do jogo. Principalmente, para os europeus, equipes de lugares
distantes e exóticos – como o Brasil.
Esse tempo se foi e hoje as câmeras onipresentes levam para
o mundo, via TV e internet, jogos, entrevistas e notícias de todos os cantos. O
resultado é que agora todos os outros times sabem perfeitamente como nos
comportamos em campo, qual o estilo de cada jogador nosso, que tipo de manobra
cada um deles gosta de fazer.
Por um lado, passaram a incorporar características que eram
só nossas; em contrapartida, também aprenderam a se defender de nós. Ou seja, o talento
individual deixou de ser um forte atributo exclusivo do nosso produto e virou commodity. Por isso, para tristeza dos nossos comentaristas esportivos, não mais podemos nos gabar de ter "o melhor futebol do mundo". Apanhamos até do ex-tradicional cliente México.É aí que entra, a meu ver, a necessidade de nos tornarmos mais sábios – além de mais rápidos, mais altos e mais fortes – se quisermos aprimorar nosso produto e alcançar nas próximas Olimpíadas resultados não tão medíocres.
Por que não pensar, por exemplo, na hipótese de entregar a seleção de futebol ao José Roberto Guimarães, técnico do vôlei feminino, o único brasileiro que é tri-campeão olímpico, com três medalhas de ouro, a primeira delas conquistada com o time masculino?
Alguma característica diferencial importante ele deve ter,
para haver alcançado essa penca de triunfos – fora outros títulos
internacionais. Seria o caso de sermos criativos e, pensando fora da caixa,
entregarmos essa apática e modorrenta seleção brasileira de futebol a um gestor
vencedor como o José Roberto, com poder executivo real, dando-lhe um assistente técnico que conheça mais de perto as mumunhas do futebol? Ou devemos
continuar na velha batida, deixando o Mano mesmo lá, ou então trocando-o por
outra das figurinhas carimbadas de sempre e no mesmo modelito tradicional?
Ary Graça, presidente da CBV-Confederação Brasileira de
Vôlei, indica mais um caminho que deveríamos seguir, se fôssemos mais sábios. A
gestão da CBF em estilo empresarial. Quem alcança as metas ganha bônus.
Quem não as atinge está fora.
Ou será que esse choque de inovação e profissionalismo é
demais para as nossas cabecinhas abafadas por cartolas e vamos continuar sofrendo de mais-do-mesmo,
maltratando nosso produto que já foi excelente e transformando em curtição de masoquismo o ato de assistir ao futebol da
seleção?
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