COMUNICAÇÃO: O EXERCÍCIO DIÁRIO DA HUMANIDADE
1. Comunica-se
sempre, para o bem e para o mal.
Fernando Rios
O ser humano é o animal mais
comunicativo que existe. Por isso ele se transformou em ser humano. Eu
comunico, tu comunicas, ela comunica, ele comunica, nós comunicamos, vós
comunicais, eles comunicam, elas comunicam. Eu falo, tu gesticulas, ela escolhe
um vestido, ele usa terno, nós gritamos gol, vós entoais hinos, elas ganham
flores, eles dão flores. E, nos tempos atuais, já pode ser vice-versa.
Em cada ação há uma
comunicação. Em cada comunidade humana há regras e normas para o
relacionamento. E, em cada tempo e espaço, registramos mudanças no
relacionamento. E tudo é expresso pela comunicação, uma atividade em constante
processo, em eterna mudança.
O ser humano é o animal mais
comunicativo que existe. Simplesmente porque o ser humano inventou um jeito,
quer dizer, vários jeitos, várias maneiras de expressar aquilo que sente.
Quantos animais sabem
comunicar? Está certo, o cachorro comunica. O gato comunica. O leão, o
elefante, os macacos, as aves. Mas o que eles comunicam? Estarão esses animais
comunicando o seu pensamento, o seu afeto, a sua visão de mundo, o seu desejo,
o seu prazer? É até possível. Mas por que esse tipo de comunicação entre
aqueles animais é tão padronizado, tão repetitivo?
Duas coisas aconteceram para
que nossos ancestrais hominídeos se transformassem em seres humanos e se
diferenciassem dos outros animais: o pensamento simbólico e uma forma de
expressar esse pensamento, verbalmente ou por algum tipo de registro, como por
exemplo a escrita, desenhos, sons musicais, dança, gestos etc.
Daí para frente, aquele
animal que era um projeto de ser humano se transformou em um verdadeiro ser
humano. Daí para frente, o ser humano jamais deixou de comunicar.
O ser humano se comunica
consigo mesmo, o ser humano se comunica com os outros seres humanos, o ser
humano se comunica com os outros animais.
E nos transformamos em comunicadores
O ser humano, em dado
momento, aprendeu a falar. Era diferente de grunhir, de simplesmente emitir
sons. Foram necessários milhares e milhares de anos para que o ser humano
aprendesse a falar.
Então, o ser humano reuniu
suas experiências de vida e, num primeiro momento, passou a contá-las para seus pares. Ele já sabia
gesticular, já sabia expressar verbalmente suas emoções. Mas fazia tudo gestual
e oralmente. Na verdade, foi um grande passo, porque já se podia comunicar a
representação do real, já se podia contar histórias e memórias.
Porém, quando o ser humano
aprendeu a escrever, aconteceu uma grande revolução. Ficou mais fácil
transmitir os pensamentos e as emoções, porque ele passou a registrar seus
sentimentos e conhecimentos. E muito mais seres humanos tiveram acesso às
informações.
Hoje, nós somos absolutamente
seres comunicativos. Somos essencialmente comunicadores. Comunicamos e somos
comunicados. Seja pela comunicação interpessoal, seja pela comunicação de
massa.
Comunicamos pela roupa, pelos
gestos, pelos olhares, pelo andar, pela voz, pelas vozes, pela intensidade da
voz. Comunicamos até pelo silêncio. “Quem cala consente”, diz o ditado. Mas, na
verdade, não sabemos se concorda ou discorda. O fato é que quem cala também se
comunica. Cabe ao interlocutor do silêncio compreendê-lo.
Quando coçamos a cabeça,
estamos comunicando. Quando assobiamos, estamos comunicando. Quando levantamos
o braço, estamos comunicando.
Nós nos comunicamos o tempo
todo. Para o bem e para o mal. Para mostrar solidariedade ou para agredir. Para
demonstrar poder, submissão ou igualdade.
A comunicação é o que
aproxima e afasta os seres humanos entre si.
Tudo o que fazemos quer dizer
alguma coisa.
E a comunicação é tão mais
eficiente quando quanto mais o que dizemos está próximo do que queremos dizer.
Cada gesto, cada olhar, cada
som que emitimos, tudo quer dizer alguma coisa.
É isso que nos torna humanos.
É a comunicação que possibilita
o entendimento e a discórdia.
Fernando Rios é jornalista,
antropólogo, poeta, artista plástico, designer gráfico e consultor em
comunicação empresarial integrada. www.fernandorioscom.art.br
COMUNICAÇÃO: O EXERCÍCIO DIÁRIO DA HUMANIDADE
2.
O
ser humano se comunica o tempo todo
Fernando Rios
Certamente, quando nos
comunicamos, queremos ser entendidos. Queremos que aqueles e aquelas com quem
nos comunicamos recebam a comunicação.
Ou melhor, recebam a
informação. Porque nós comunicamos informações.
Comunicar quer dizer tornar
comum alguma coisa que foi colocada numa forma, algo que foi informado. Um
signo, um sinal, um símbolo, uma letra, uma palavra, um desenho, um gesto.
Tornamos comum aquilo que
colocamos em uma forma.
Claro, até um gesto tem uma
forma, uma forma em movimento. E ele quer dizer alguma coisa. A dança é uma
forma em movimento. E como comunica...
Dormindo, nos comunicamos:
com os outros, pelo corpo; conosco, pelo inconsciente.
Um sinal de trânsito apagado
é apenas um objeto. Quando brilha, nos seus vermelhos, amarelos e verdes, ele
diz...
Um rosto impassível... comunica
passividade. Um cenho franzido comunica preocupação.
Um punho fechado pode
anteceder um soco. Depende do movimento.
Uma mão aberta pode anteceder
um carinho. Depende do gesto.
A comunicação afasta ou aproxima. Às vezes, a ambiguidade do gesto
traz confusão. O interlocutor não sabe o que aquilo representa. Isso significa
ruído. Ruído na comunicação. Ruído é algo que não permite que a comunicação se
complete.
Porque a comunicação é um
processo. Um processo que tem ida e tem volta. Alguém utiliza um meio para
informar algo a uma pessoa.
De forma bem simplificada, o
processo de comunicação pode ser resumido assim: sujeito - mensagem ou informação – meio ou canal –
sujeito a quem se dirige a comunicação – retorno. Tudo mediado por
comportamentos. Físicos ou mentais.
É mais ou menos assim: um
sujeito escolhe um meio ou canal para transmitir uma mensagem ou informação a
outro sujeito e espera um retorno.
Nesse processo, a pessoa para
a qual a mensagem foi enviada precisa ser sensibilizada e mostrar que a
recebeu. Se o processo não se completar, a comunicação não existiu.
Algo interrompeu o processo.
Esse algo é o ruído na comunicação.
Passamos toda a nossa vida
dando e recebendo informações por meio do processo de comunicação.
E nem nos damos conta disso.
Desde que nascemos... Para dizer a verdade, até mesmo antes de nascer, porque
já se comprovou que o bebê, no ventre materno, recebe e transmite informações.
Então, desde antes de nascermos até a hora que morremos.
A vida que surge no bebê
informa que ali há vida. O corpo inerte informa que ali há morte.
Bem, essa é a nossa vida,
toda ela criada em torno da comunicação.
Fernando Rios é jornalista,
antropólogo, poeta, artista plástico, designer gráfico e consultor em
comunicação empresarial integrada. www.fernandorioscom.art.br
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